Embora as primeiras obras arquitetônicas relacionadas ao De Stijl tenham sido criadas por Robert van’t Hoff, a atividade arquitetônica do seu período no movimento foi relativamente escassa deixando as maiores obras para a entrada triunfal de Rietveld.
Rietveld, antes de 1915, havia feito cursos com P. J. Klaarhamer que colaborava com Van der Leck e estava livre da influência de Wright. No ano de 1917, ele cria sua cadeira Vermelha/Azul. Era uma peça tradicional baseada na poltrona-cama dobrável mas ofereceu a primeira oportunidade para a projeção da estética neoplástica em três dimensões. Além da sua articulação a cadeira distinguia-se pelo uso exclusivo de cores primárias junto com uma armação preta. A partir de desmembramentos da cadeira criou ainda outras peças como o bufê, o carrinho de bebê e o carrinho de mão que eram montados com traves e planos retilíneos de madeira simplesmente cavilhados, até chegar no projeto de estúdio para o dr. Hartog em que cada peça do mobiliário, inclusive a luminária suspensa, parecia estar elementarizada, e na verdade tinha por efeito implicar, como nas pinturas de Mondrian, um série infinita de coordenadas no espaço.
Casa Schröder
Apesar de Van Doesburg ter realizado, em 1923, os fantásticos diagramas espaciais e maquetes que já foram mencionados, eles nunca foram executados diretamente como arquitetura. Talvez a primeira edificação que realmente incorporou a gama completa das intenções formais, espaciais e iconográficas do De Stijl tenha sido a Casa Schröder, de 1923-47, projetada por Rietveld para ser uma residência unifamiliar na periferia de Utrecht, que contrasta dramaticamente com seus sóbrios vizinhos de tijolo, por suas formas retangulares e lisas e as brilhantes cores primárias de seus elementos.
A edificação, projetada para a senhora Schröder, é formada por paredes planas que se interceptam e que foram de tal modo que algumas delas parecem flutuar no espaço, enquanto outras se estendem horizontalmente, e outras ainda se unem definindo finos volumes. Cada parte é mantida em uma relação tênue, dinâmica e assimétrica com as demais, como haviam sugerido as pinturas de Mondrian sete anos antes.
Os planos, são articulados por finas linhas de montantes de janelas e balaustradas nas sacadas, e são coloridos de preto, azul, vermelho e amarelo, contrastando com as superfícies cinzas e brancas.
Os interiores da Casa Schöder dão continuidade aos mesmos temas estéticos. Detalhes como luminárias ou fechamentos de vidro da escadaria são integrados às proporções e ao estilo geral da edificação. O pavimento inferior possui dois dormitórios e um escritório, com cozinha e a área de estar no canto sudeste, onde originalmente se tinha vistas sobre a paisagem plana do bairro. No pavimento superior, há áreas de trabalho, dormitórios com sacadas e uma sala de estar, mas as divisórias internas podem ser todas removidas, para se obter toda uma planta livre.
Foi usando maquetes desmontáveis de papelão e madeira que Rietveld trabalhou com sua cliente durante o desenvolvimento do projeto. O esquema preliminar era mais cúbico e tinha um caráter mais fechado do que o projeto final, e apenas gradualmente ele obteve sua vitalidade tridimensional.
Parte da riqueza da Casa Schröder está exatamente na forma na qual a função e a estrutura, e tais “fatos diretos” como longarinas e simples lajes, foram minimizados, recebendo um significado mais profundo. Como Oud havia escrito alguns anos antes, prevendo tal arquitetura: “Sem cair em um racionalismo estéril, ela permaneceria acima de todos objetivos, mas dentro dessa objetividade experimentaria coisas mais elevadas...” (…)
Exterior da casa
Interior
Interior
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