terça-feira, 31 de maio de 2011

Theo Van Doesburg

Theo Van Doesburg interessou-se, sucessiva e simultaneamente, pelo teatro, pela poesia, pela pintura, pela arquitetura, pelas artes gráficas, pela crítica da arte, e em todos esses campos ele experimentou, analisou, teorizou e criou.
O De Stijl teve seus princípios conhecidos em toda a Europa graças à sua capacidade de realização e à sua disposição para divulgar idéias que o movimento, exercendo  assim grande influência sobre diversos pintores, escultores, arquitetos e também sobre a mais importante escola de arte da época: a Bauhaus de Weimar. Se não fosse o espírito proselitista, entusiasta de Van Doesburg, as idéias neoplasticistas  básicas idealizadas  por  Mondrian não teriam sido expostas e discutidas.
Doesburg lutava por compreender o sentido dos vários movimentos estéticos que proliferavam por toda a Europa, e quando se encontrou com Mondrian em 1915, foi conduzido à estilização dos objetos e a sua simplificação até as formas geométricas puras que obedecia sempre aos princípios estabelecidos por Mondrian da construção ortogonal, a contradição do ritmo vertical e horizontal, que seriam ritmos fundamentais do universo.
Entusiasmado, Doesburg forma um grupo para o qual atrai (do qual já fazia parte Bart Van der Leck) Huszar, Vantngerloo, e mais tarde os arquitetos Oud e Wils e o poeta Anthony Kok.Foi então que nasceu a ideia de publicar uma revista que expressasse o ponto de vista novo desse grupo que reunia artistas dos vários campos de expressão. Em outubro de 1917 aparecia De Stijl, cuja publicação se deu até a morte de Van Doesburg (o último número foi publicado por sua viúva).
Mais tarde os trabalhos de Van Doesburg amadurecem e passam a representar composições com elementos geométricos puros, já sem partir de qualquer figura ou objeto e seus primeiros quadros propriamente neoplásticos não possuem mais a mesma simplificação formal dos de Mondrian, até se restringir à composições com linhas ou faixas pretas sobre um fundo cinza.
O período entre o fim da Primeira Guerra Mundial e a criação de algumas obras pioneiras foi caracterizado, na Holanda, por um intercâmbio ativo de idéias entre os principais artistas do grupo De Stijl, que foram capazes de se basear na maioria das correntes de teoria vanguardista anteriores à guerra.
De Stijl significa simplesmente “O Estilo” pois era o objetivo comum a todos os participantes a criação de uma linguagem de formas apropriada às realidades contemporâneas e livre dos supostos falsos resíduos históricos do ecletismo do século dezenove; o “materialismo” seria deixado para trás e substituído por uma abstração espiritualizada e mecanizada.
Doesburg desenhou vários projetos arquitetônicos dentro desses princípios, adotando um método de exposição gráfica que permite ver todos os elementos componentes da casa, e produzindo um incrível conjunto de maquetes e diagramas para uma casa, na qual foram sintetizadas as primeiras experiências do De Stijl.
Realizou trabalhos com seus alunos da Bauhaus de Weimar com as plantas assimétricas de casas se abatíam em vertical para criar volumes prismáticos geminados que parecem “crescer” a partir de um núcleo central. Tais  invertigações alcançaram seu clímax em 1923, quando em colaboração com o jovem arquiteto Cornelis van Eesteren (1897-1988), Van Doesburg expôs três casas “ideais” na galeria parisiense L’Effort Moderne, de Léonce Rosenberg. A partir daí, decide-se a romper com o princípio neoplástico da vertical e da horizontal e introduz o plano inclinado e a construção em diagonal.Uma das casas não tem frente nem fundo e parece que seus planos flutuam.
Essa dissidência do neoplasticismo se faz pública em 1926 quando Doesburg publica na revista De Stijl um artigo-manifesto lançando o elementarismo. Nesse artigo, ele afirma: “O elementarismo é, de um lado, uma reação contra as aplicações demasiado dogmáticas do neoplasticismo, de outro, uma consequência do neoplasticismo mesmo: enfim e sobretudo o elementarismo pretende ser uma retificação severa das ideias neoplasticas”.
“A subdivisão dos espaços funcionais está determinada estritamente por planos retangulares, que não possuem formas individuais em si mesmos pois, embora estão limitados (um plano por outro), podem imaginar-se como extendidos até o infinito, formando assim um sistema de coordenadas cujos deiferentes pontos corresponderiam a um número igual de pontos no espaço universal aberto.”




Cinema-restaurante L’aubette em Estrasburgo


       Foi a última obra neoplástica de alguma importância. Feito por Van Doesburg, representa a distorção feita nos princípios do De Stijl em sua terceira e última fase.
      Ele reestrutura visualmente o ambiente sobrepondo cores coloridas a uma construção de formas insignificantes. Segundo ele, para a execução de um bom projeto deveria existir a colaboração entre arquitetos, pintores e escultores além de técnicos da construção e da visão ainda nos primeiros momentos do projeto, não se admitindo uma distinção entre as artes. No cinema-restaurante, ele anula os planos ortogonais subvertendo-os com um ritmo de oblíquas e decompondo a superfície em diversos planos de profundidade. Sustentava a necessidade de um elementarismo dinâmico vendo uma arquitetura cujas formas não estão submetidas às leis da gravidade. A obra compreendia uma sequencia de dois grandes espaços públicos e espaços adicionais situados dentro de uma fachada do século XVIII. Cada artista participante ficou livre para criar o seu próprio espaço. O edifício era dominado e distorcido pelas linhas de um enorme relevo diagonal ou contracomposição, passando obliquamente sobre todas as estruturas internas, fragmentação complementada pelo mobiliário livre de quaisquer peças elementaristas.






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